POLÍTICA = interesse, conflito e poder?
- Lica Marques
- Feb 29, 2020
- 3 min read
Updated: Aug 9, 2020
As políticas organizacionais são formadas através da relação existente entre interesse, conflito e poder. A partir dessa relação criam-se regras que vão orientar o comportamento e o procedimento interno e externo das organizações, tendo como características principais, a flexibilidade, a abrangência, a coordenação e a ética.
Segundo Mintzberg (2003, p. 21) “políticas organizacionais são diretrizes que expressam os limites dentro dos quais a ação deve ocorrer.”.
Interesse pode ser definido como o conjunto de objetivos, valores, desejos, expectativas e outras inclinações que levem a pessoa a agir em uma ou em outra direção.
Sra. Patrícia é Presidente de uma empresa que presta serviço à pequenas, médias e grandes empresas. O serviço prestado é terceirizar pessoas que trabalhem na divulgação e promoção de novos produtos ou serviços como, por exemplo treinar funcionárias para atuarem de promotoras de vendas em supermercados, divulgando novos produtos através de ações como degustação.
Sra. Patrícia tem interesses específicos em relação à empresa, que são os de aumentar a lucratividade, ampliar a gama de clientes, oferecer serviço de qualidade e possuir funcionários qualificados. Além de almejar permanecer no cargo.
Conflitos surgem a partir do momento em que os interesses começam a colidir. O conflito, em uma organização, pode ser pessoal, interpessoal ou entre grupos. Os conflitos podem existir dentro das estruturas organizacionais, nos papéis, nas atitudes e nos esteriótipos.
Sra. Patrícia tem um perfil autoritário e sempre age de forma que sua posição em relação à determinada ação prevaleça. Sra. Ana é a Gerente de Marketing da mesma empresa e afirma que não adianta ampliar o gama de clientes, mas o que importa é a fidelização dos clientes antigos trabalhando com eles um efetivo marketing de relacionamento e oferecendo serviços de qualidade. Há sempre conflitos na relação das duas, mas as idéias da Sra. Patrícia sempre prevalecem.
Poder é o meio pelo qual são resolvidas as relações entre interesse e conflito. As relações de poder possuem algumas conseqüências, tais como cumprimento e compromisso, conformidade, percepção de autoridade, etc.
Conforme aborda Vredenburgh e Brender (1999), por causa da relação natural do exercício do poder, uma conceitualização do abuso de hierarquia do poder deve focalizar as relações entre os gerentes e seus subordinados. Para ele muito do poder organizacional deriva da estrutura hierárquica da organização gerando relação interpessoal em relação ao nível de poder.
Pelo fato de a Sra. Patrícia ser a Presidente, ela usa de seu poder para fazer com que suas idéias sejam efetivadas na gestão da empresa. Sra. Ana, hierarquicamente menos favorecida, acaba sentindo-se desmotivada.
Atualmente percebe-se esses fatos comumente em diversas organizações, estabelecidos em diversos níveis hierárquicos, mais acentuadas nas relações verticais desses níveis.
Como forma de retratar outro exemplo de efeitos do poder entre os membros das organizações tem-se a figura abaixo:
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Percebe-se nesta figura a ilustração do pensamento de um grupo de executivos quando o gestor principal lança uma idéia em relação a qual a maioria do grupo, em determinados momentos, discordam.
Portanto, a partir das relações existentes entre conflitos, interesses e poder em uma organização, são elaboradas regras que são chamadas de políticas organizacionais. Existem, também, algumas formas de organizar a política dentro das organizações, autocraticamente, apresentando a forma de como deve-se atuar, burocraticamente, apresentando a forma mais adequada de como deve ser feito, tecnocraticamente,apresentando a forma correta de se fazer, e democraticamente, solicitando a participação de todos na verificação de qual é a forma mais adequada de se fazer.
Cabe a organização trabalhar a melhor forma de criar uma política de atuação afim de que possa verificar seus prós e seus contras objetivando o crescimento organizacional bem como a sua efetiva atuação em um mercado cada vez mais competitivo, no qual deve-se analisar as relações internas e externas da organização. Por tanto, de nada adianta mostrar para o mercado uma imagem de empresa em crescimento competitivo e não trabalhar seu público interno de forma efetiva no que tange as políticas organizacionais.
Referências:
MINTZBERG, Henry; QUINN, James. O processo da Estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2003. p. 21.
VREDENBURGH, Donald; BRENDER, Yael. The hierarchical abuse of power in work organizations. Journal of business ethics. Dordrecht: Sep, 1998. Vol. 17, Num 12, p. 1337, 11pgs.
SPRINGER, Hans. How to explain “Groupthink”. Disponível em: http://www.tc-forum.org/letters/howtoexp.htm

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